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ARTE

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A BONECA DO BAZAR CHINÊS




A chuva escorre límpida nos beirados que o Sol constrói na cidade

Transeuntes atropelam-se
Fugitivos da vida com guarida nos subterrâneos iluminados de rostos doentios

O burgo fica deserto nas almas estranguladas das ruas alagadas
Conspurcadas pelo fumo de intermináveis cigarros da angústia

O transporte para um outro mundo tarda
Carris enferrujados dos sentidos execráveis
Das sensações duvidosas de corpos alheados da emoção cristalina da generosidade

Dois homens à porta da barbearia
Os seus olhos directos
Absortos
Nos anúncios pecaminosos dum bazar chinês
Onde tudo se vende

Vê-se que não pensam
Porque se pensassem não estariam à porta
Entrariam
E sentados no recolhimento dos cabelos espalhados pelo chão
Meditariam numa existência similar a uma peruca
Ligeiramente encaracolada
A enfeitar a boneca rosa oculta
Na vitrina chinesa


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