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ARTE

sábado, 13 de fevereiro de 2010

EMILY BRONTE (1818-1848) - RECORDAÇÃO






Frio na terra – e sob tanta neve
Tão longe estás na tumba desolada!
De amar-te me esqueci, sequer de leve,
Pelas águas do Tempo separada?

Quando estou só, minh´alma não responde
Voando aos montes dessa costa ao norte.
Nem fecha as asas onde o verde esconde
Teu nobre coração dentro da morte?

Frio na terra – e quinze Invernos foram
Aí, nos pardos montes, Primavera:
Fiel é uma alma que as lembranças douram
Após tanta mudança que sofrera!

Ó doce Amor, perdoa, se eu te esqueço.
Ida que vou nesta maré do mundo;
Desejos me distraem, que aborreço,
Mas nenhum deles é que tu mais fundo.

Que luz brilhou no meu azul celeste,
Ou nova aurora para mim raiou?
O bem da vida é o bem que tu me deste,
E o bem da vida em ti se consumou.

Mas quando de áureos sonhos soou o regresso
E nem já Desespero me vencia,
Eu aprendi como o existir tem preço,
E quanto val´viver sem alegria.

E as lágrimas sequei do amor inútil –
Calei minh´alma de por ti ansiar,
E dura lhe neguei esse ardor fútil
De em tumba mais que minha me deitar.

E enlanguescer não ouso mais agora,
Nem dar-me à dor extasiada de lembrar-te:
Bebi da mais divina angústia outrora –
Em que vazio mundo hei-de encontrar-te?

Tradução de Jorge de Sena

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