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ARTE

terça-feira, 15 de setembro de 2009

TRINDADE COELHO (1861-1908) - PARÓDIA AOS LUSÍADAS

Os grandes paspalhões assinalados,
Que nas reuniões da Academia
Foram solenemente apepinados
Por sua telha ou sua fidalguia,
Que nas guerras das mocas esforçados
Mais do que a força humana permitia
No Teatro Académico asnearam
Tolices de que todos se espantaram;

E também as façanhas gloriosas
Dos Cabrais e Waldecks e quejandos,
Que à noite, com as vozes mais fanhosas,
andam o nível a pedir em bandos;
E as diabólicas fúrias deliciosas
De certos quintanistas memorandos,
Cantando espalharei por toda a parte.
Há-de-se rir o mundo até que farte.

Ó musa da ironia e da arruaça,
Que tens excepcionais o gesto e o peito,
Vira-te para mim e põe-te a jeito
De inspirar um poema de chalaça;
Quero um poema esplêndido, perfeito,
Que vos celebre e que subir vos faça,
Num pulo só, da glória à mor altura,
Cavaleiros da mais triste figura!

Haviam sido há pouco apepinados
Os meus heróis, que andavam murmurando
Que na Trindade ou para aqueles lados
Se estava contra eles conspirando,
Quando uma noite andando endiabrados
Pela Feira sobre isto conversando,
Uma moca que os ares escurece
Sobre as suas cabeças aparece.

Viu-se o Waldeck! Vinha carregado
Com a moca que pôs a todos medo.
"Ai rapazes!, bradou, venho estafado
Qual se trouxesse às costas um rochedo!
Deixai-me descansar só um bocado
Para depois contar-vos um segredo."
E diziam os outros: "Co'esta moca
'Stamos seguros, pois ninguém nos toca."



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