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OS TRATAMENTOS SUGERIDOS NÃO DISPENSAM A INTERVENÇÃO DE TERAPEUTA OU MÉDICO ASSISTENTE.

ARTE

sábado, 21 de março de 2009

ATINGIR O ABSOLUTO, "DEUS"


Para atingir o desconhecido não podemos partir do conhecido. Temos de esvaziar a mente do seu conteúdo histórico.
A eternidade concretiza-se no silêncio que não é procurado.
Se o buscares não o encontrarás, se implorares não o acharás. Ele é liberdade absoluta que se manifesta no não condicionamento, na ampla abertura de espírito daquele que apenas é e nada procura ou quer vir a ser. Jorra gratuita, espontânea e esporadicamente nos pobres em espírito e não nas mentes torturadas dos filósofos, dos intelectuais e dos que por métodos mais ou menos expeditos se esforçam por o encontrar.
Não está em particular na igreja, na montanha, nos livros sagrados. Está onde nós não estamos, existe quando não existimos, não tem continuidade, não pertence ao espaço ou ao tempo, é existência pura, incomensurável e intemporal.
Absoluto é o que está para além de todos os limites. O Absoluto prescinde do limitado e só o atingiremos quando nos libertarmos das teias do espaço-tempo, o que apenas se torna possível com a cessação do pensamento e consequente aniquilação do “eu”.

JOSÉ MARIA ALVES
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O SER E O NÃO SER TOCAM-SE



Aquele que é, percebe-se como tal. Isso é existência pura.
O “ser” e o “não ser” – o nada –, aproximam-se. Quando o pensamento silencia, os extremos tocam-se.

JOSÉ MARIA ALVES
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A VERDADE É INEXPRIMÍVEL


A Verdade é inexprimível. Quem a encontra não a consegue descrever.

JOSÉ MARIA ALVES
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DEUS É O DESCONHECIDO E O INCOGNOSCÍVEL


Deus é o desconhecido e o incognoscível.
Tudo o que se diga para além disto, não passará de fantasia, de distorção da realidade.
No entanto, continuamos sempre a falar dele porque é inevitável que o façamos.
E se o identificamos em todas as coisas que estão nele, mesmo assim não o revelamos, mas as coisas para além das quais se encontra.

JOSÉ MARIA ALVES
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A CRIAÇÃO É EXPLOSÃO DE LIBERDADE, É INOCÊNCIA


A criação do novo pressupõe a inexistência de condicionamentos e de motivações externas ao acto de criar.
Pintar um quadro, compor uma peça musical ou executar uma escultura, nesta perspectiva, não é exprimir o conteúdo da nossa personalidade, nem actividade psicológica compensatória de qualquer complexo de inferioridade, necessidade de agradar, busca da sobrevivência ou enriquecimento. É explosão de liberdade, é inocência.

JOSÉ MARIA ALVES
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A CRIAÇÃO TEM A SUA ORIGEM NO NOVO


A criação no verdadeiro sentido da palavra tem a sua origem no novo. Não define a personalidade e carácter do criador, a sua “escola” ou grupo a que pertence ou qualquer motivação lucrativa.

JOSÉ MARIA ALVES
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CRIAÇÃO E LIBERDADE INTEGRAL


A criação só existe na liberdade integral, quando se está livre de tudo, até da própria busca dessa liberdade.
Quando não criamos, nem queremos criar, desponta a criação com toda a sua força e exuberância.
Para que haja criação, tem de haver liberdade de tudo o que nos condiciona, de tudo o que nos prende a concepções, dogmas, teorias, ambições e competição.

JOSÉ MARIA ALVES
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O AMOR NÃO É PROPRIAMENTE PRAZER



O amor não é prazer, nem sofrimento, não é pensamento. É um sentir intenso, apaixonado, sem pretensões. Nele não há posse, domínio ou contrapartida.

JOSÉ MARIA ALVES
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AMOR E EXTINÇÃO DOS ESTADOS NEGATIVOS


Temos de observar tudo o que não é amor, o ciúme, o ódio, a ambição, os apegos, e por esta via provocar sem esforço a extinção destes estados negativos.

JOSÉ MARIA ALVES
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PAZ, SOFRIMENTO, AMOR E MEDO


Para atingirmos a paz e o amor temos de compreender totalmente o sofrimento psicológico e o medo.
Quer a paz quer o amor, são estados indefiníveis, espontâneos e gratuitos, que nascem da dissolução de tudo o que a eles se opõe.

JOSÉ MARIA ALVES
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A MEDITAÇÃO É A ÚNICA COISA QUE VALE A PENA SE É COM ELA QUE TERMINA O SOFRIMENTO


Não é fácil observar continuadamente.
A meditação é a única coisa que vale a pena se é com ela que termina o sofrimento.
É com paixão que temos de ver o rosto dos transeuntes, a beleza dum vale verdejante, de uma árvore, de uma flor, uma rua suja na cidade grande.

JOSÉ MARIA ALVES
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OBSERVAR A VIDA DE MODO GLOBAL


A observação da vida é feita de forma global, porque ela é una e indivisível.
A observação parcial, que é concentração, distorce a realidade, distorce a sua essência e vitalidade e induz-nos em erro.

JOSÉ MARIA ALVES
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UM CÉREBRO MESQUINHO


O nosso cérebro encontra-se permanentemente ocupado. Quando trabalhamos ou estudamos, o que é perfeitamente natural, e nos momentos de lazer, com projecções, fantasias, medos, sentimentos negativos e mesquinhos.
Quando estamos livres psicologicamente, com o cérebro desimpedido de compulsões e pensamentos parasitas relativos ao passado ou ao futuro, vemos a realidade, o que ocorre momento a momento. E dessa liberdade, desse não pensar surge a beleza.

JOSÉ MARIA ALVES
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DEUS E AS RELIGIÕES


Cada um de nós pensa em deus, segundo o seu grau de “maturidade espiritual”.
É sinónimo de princípio único: da existência, da causalidade e de qualquer finalidade.
O pensamento criou as religiões, as práticas religiosas, os livros sagrados e deus. Aquelas não são caminhos para este. São muros que têm de ser derrubados até que não fique pedra sobre pedra, nenhum resquício de construção mental, e a planície surja num amplo espaço de liberdade sem reservas, erigida em amor universal.

JOSÉ MARIA ALVES
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A MAIOR DAS QUESTÕES


Diz-se que a questão das questões do universo se prende com a existência de Deus.
Mas, a verdadeira e interessada questão para o homem tem que ver com a eventual existência da “vida” para além da morte, porque a primeira não responde a esta, referindo-se à possível imortalidade da alma.
Da alma do ser humano, já que somos demasiado egoístas para nos preocuparmos com os animais e com as suas também hipotéticas almas.

JOSÉ MARIA ALVES
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MORTE E VIDA SÃO A MESMA FACE DA MESMA MOEDA


Quando o sangue deixa de correr no corpo e o cérebro se cala definitivamente, o conhecido acaba e começa o novo.
A vida renova-se com a morte.
Para viver precisamos morrer.
Morte e vida são a mesma face da mesma moeda.

JOSÉ MARIA ALVES
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A MORTE É UM SONO PROLONGADO QUE MERGULHA NO NADA ABSOLUTO


O sono profundo é uma morte temporária. A morte um sono prolongado que mergulha no nada absoluto.

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OS MORTOS NÃO CHORAM


Os mortos não choram, são os sobreviventes que os choram ou se choram a si mesmos.

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A OBSERVAÇÃO DO MEDO DA MORTE


Numa perspectiva meramente materialista, a morte acarreta o aniquilamento da individualidade, mas não forçosamente, da matéria corporal que se dissolve, transforma e regenera, em novos ciclos vitais.
A observação do que é, dum problema, do desejo, do sofrimento, do medo da morte, faz com que deixem de existir.

JOSÉ MARIA ALVES
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SEXO E COMUNHÃO COM O SER AMADO


Transformámos o sexo num problema imenso. No entanto, o problema não reside propriamente no acto, mas no pensamento que o alimenta.
Onde há pensamento não pode haver amor e neste não há dualidade, há liberdade e comunhão com o objecto amado.

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O AMOR E A PAZ ESTÃO EM NÓS


O amor e a paz estão em nós. De nada serve procurá-los no exterior. Se removermos tudo o que não é amor e paz, estes manifestar-se-ão.
Se procurarmos o amor, não o encontraremos. A procura transforma-se em impaciência, inquietude, insatisfação e ansiedade, que são barreiras ao objectivo proposto.

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A VIDA É BELEZA E AMOR

A vida é beleza e amor. Não tem sentido, finalidade. Tem de ser vivida instante a instante, em absoluta plenitude.

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PARA QUE HAJA BELEZA O PENSAMENTO TEM DE FINDAR


Não pode haver beleza onde há padecimento psicológico ou medo.
Para que haja beleza o pensamento tem de findar.

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BELEZA E DESEJOS



Recalcar ou sublimar os desejos é negar a beleza.
Na mais frágil das flores, está o poder e energia, a beleza e o amor, de todo o universo.

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A MORTE PSICOLÓGICA É UMA EXPERIÊNCIA FANTÁSTICA


A morte psicológica é uma experiência fantástica. E o renascer algo de mais fantástico ainda.

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INTUIÇÃO


Intuir, é percepcionar de imediato a essência das coisas que nos são exteriores ou que constituem o conteúdo da consciência.
Despidos de imagens, preconceitos, ideias, podemos experimentar e entender o novo.

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TER PAZ


Ter paz significa livrar a mente de todo o pensamento, conduzindo-a ao estado de consciência pura.
A paz que houver em ti transmite-se aos que te rodeiam.

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FELICIDADE E AUTOCONHECIMENTO


Há felicidade quando nos começamos a conhecer, quer superficialmente quer nas camadas mais profundas da consciência.

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MORRER PARA O PASSADO, PARA OS SENTIMENTOS DE CULPA


Morrer para o passado é também morrer para os sentimentos de culpa, para a vergonha de actos pretéritos, para os medos e ilusões.
É começar sempre de novo, imaculadamente.

JOSÉ MARIA ALVES
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SER UMA COISA É NÃO SER SUSCEPTÍVEL DE INTERPRETAÇÃO


“Ser uma coisa é não ser susceptível de interpretação.”
No ver somente, na percepção pura que não envolve o pensamento, não há continuidade. Na inexistência desta, não há sofrimento, há amor.
Ver alguém ou alguma coisa no momento presente é morrer para todas as ideias e imagens que possamos ter guardado em memória referentes a esse alguém ou coisa.
É não contagiar o objecto da visão.

JOSÉ MARIA ALVES
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SENSAÇÃO E SENSIBILIDADE


A sensação deriva de uma excitação fisiológica.
A sensibilidade é em definição corrente, a capacidade do sistema nervoso em receber impressões do exterior, podendo ou não reagir-lhes.

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SENTIDOS, SENSAÇÕES E PENSAMENTO


Sem excitação, melancolia, entusiasmo, numa indiferença contemplativa que não é apatia, os sentidos cumprem rigorosamente as funções para que estão destinados.
Quando se observa instantânea e apaixonadamente, o espaço-tempo entra em derrocada.
Quando não há pensamento e os sentidos estão plenamente actuantes, há beleza, cuja essência íntima não admite contraste.
Para além do pensamento devemos escutar as sensações que provêm do mundo exterior, as impressões sensoriais resultantes das funções vegetativas e os murmúrios do corpo: a dor de cabeça, a impressão no estômago, a taquicardia que se instala, a ansiedade que se aloja no plexo solar.

JOSÉ MARIA ALVES
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ESTE MUNDO É UM POÇO DE INFELICIDADE


Este mundo é um poço de infelicidade, de que a maior parte das vezes nem sequer temos consciência.
Estamos mergulhados na dor, ansiedade, desejos e medos que paradoxalmente tememos perder por ser a única realidade que conhecemos.

JOSÉ MARIA ALVES
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TRANQUILIDADE


Se o compreendo e o pensamento não sabe que observo a flor e suas pétalas rosadas, as folhas verdes salpicadas de orvalho, há tranquilidade.

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PARA VIVER É NECESSÁRIO MORRER


Sejam quais forem as desilusões a que formos sujeitos devemos saber morrer inteiramente para as mesmas. Para viver é necessário morrer. No renascer está a paixão, o amor.

JOSÉ MARIA ALVES
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O SOFRIMENTO PSICOLÓGICO É PENSAMENTO


O sofrimento é causado pela actividade mental. O sofrimento é pensamento. Pensamento que julga ou compara.
Aquilo que é, não é fonte de prazer ou de dor. É apenas como o gato que dormita ao sol e a flor que recebe o orvalho matinal.
Se escutarmos o penar em que estamos sem o comparar com factos passados, sem o interpretar, não o aceitando ou negando, acabará por desaparecer. O autoconhecimento dissipa-o.

JOSÉ MARIA ALVES
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PENSAR NO MEDO É ALIMENTÁ-LO


Pensar no medo é nutri-lo, fortalecê-lo, consolidá-lo, enquanto que a pura observação do seu curso o faz findar.
Há que o olhar em liberdade, sem a contaminação do pensamento e da memória, com as suas experiências passadas.

JOSÉ MARIA ALVES
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MORTE, APEGO E PENSAMENTO


Sem apegos não temeremos morrer. Não teremos medo da vida, que fluirá como o rio de águas cristalinas para o oceano.
O medo desabrocha no espaço que medeia entre o viver e o morrer e só tem existência nessa continuidade que é pensamento.
Onde não há pensamento, não há padecimento, não há medo, não há morte, antes um viver ágil e intenso que não tem móbil ou justificação.

JOSÉ MARIA ALVES
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A EXTINÇÃO DA SENSIBILIDADE


No momento em que se instala um desejo ou se consolida um apego, a sensibilidade extingue-se e a vida no seu aspecto integral, com a beleza de cada ser e coisa, morre.

JOSÉ MARIA ALVES
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APEGOS E CONTRADIÇÃO



A família e os bens materiais que possuímos, as crenças e a nossa vida são os mais perigosos e insistentes apegos.
Precisamos compreender a sua natureza contraditória. Numa das faces, o prazer, o júbilo, a paz, a segurança, o “amor”, na outra, a dor, a tristeza, a angústia, a insegurança, o medo, a inveja, o ciúme e o ódio.

JOSÉ MARIA ALVES
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sexta-feira, 20 de março de 2009

OU ACEDEMOS AO AMOR OU FICAMOS COM OS NOSSOS APEGOS


Quando se destrói um apego, não se destrói o amor por determinada pessoa. Pelo contrário este pode crescer e ainda ficamos disponíveis para amar tudo e todos, sem dor ou insegurança.
Ou acedemos ao amor, ou ficamos com os nossos apegos. Ninguém pode amar se se mantém psicologicamente ligado, seja ao que for.

JOSÉ MARIA ALVES
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A LIBERTAÇÃO DAS PREOCUPAÇÕES


O homem deve libertar-se das preocupações. Quer pela escuta, quer pela solução ou resolução imediata do problema.
Precisamos escutar a verdade a respeito de nós próprios, percepcionando todas as fugas que geramos, todas as ilusões, destruindo-as.

JOSÉ MARIA ALVES
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AUTOCONHECIMENTO E LIVRO DA VIDA


Quem pelo autoconhecimento atingiu todas as camadas da sua consciência, leu o grande Livro da Vida, não lhe sendo exigível qualquer leitura de natureza psicológica.

JOSÉ MARIA ALVES
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O INSTANTE PRESENTE


Se instante a instante nos estamos a conhecer observando-nos, surge a sensibilidade, nasce a bondade, sem que tenham importância os erros e culpas do passado. No instante presente, não há lugar para o passado, sob pena daquele ser destruído na sua essência. Na observação da mente é fundamental que o passado deixe de existir.

JOSÉ MARIA ALVES
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EUTANÁSIA


Repugna-me matar um animal. Repugna-me matar um ser humano, bem como a pena de morte. Fazer sofrer qualquer ser.
Por isso também me repugna deixar sofrer horrivelmente qualquer entidade viva, o próprio homem, em estado terminal, sem esperança de cura ou alívio.
Não se trata de um crime, antes dum dever, de um verdadeiro acto de amor, de pura não-violência.

JOSÉ MARIA ALVES
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SUICÍDIO


Suicídio é o acto voluntário pelo qual o ser humano põe termo à sua vida. A apreciação moral e ética deste, varia em função do tempo e espaço.
Existem e existiram ordenamentos jurídicos em que a tentativa de suicídio é e era punida pelo direito criminal.
Este é um problema que respeita à liberdade individual. Se um ser humano considera intolerável o sofrimento físico ou psicológico a que está sujeito, não tendo quaisquer esperanças de alterar o rumo dos acontecimentos, e decide abandonar esta vida, não há juízo de valor que legitimamente possa censurar aquela liberdade.

JOSÉ MARIA ALVES
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A ALMA É UMA CRIAÇÃO DO PENSAMENTO


A alma é uma criação do pensamento. Para os pensadores antigos a alma era invisível e constituída por uma matéria subtil, podendo emergir ou ser destacada para a matéria viva a partir de uma determinada complexidade. A sua imortalidade seria uma participação post mortem na eternidade.
O produto do limitado ou é ilusão ou é inevitavelmente limitado.
O pensamento condicionado pelo espaço-tempo não pode perscrutar o infinito, o intemporal, não pode sondar o desconhecido, o impermanente.

JOSÉ MARIA ALVES
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COMPREENDER O MISTÉRIO DA MORTE


Quando morremos para o conteúdo da memória, para o passado, para os nossos pensamentos, em suma, para o “eu”, somos introduzidos na criação e renovação, no mistério da morte.
Se de instante a instante morremos para os acontecimentos quotidianos, para o ódio, o ciúme, e outros estados negativos, para o prazer e o sofrimento, para os problemas que nos afligem, para o que contemplamos, estaremos em contacto directo com a morte.
Com a cessação do pensamento há purificação, alegria, inocência. A morte do velho traz o júbilo do inesperado. Para além da morte está o sempre novo.

JOSÉ MARIA ALVES
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A MORTE NÃO EXISTE PARA QUEM SE LIMITA A EXISTIR


A morte não existe para o ribeiro de montanha que seca no Verão quente quando já não há neve para o alimentar.
As águas correm continuamente para o oceano e deste para os céus e dos céus para os montes e vales e para elas não há morte porque se limitam a ser, a fluir.

JOSÉ MARIA ALVES
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A MORTE, A MAIOR DAS CERTEZAS


A maior parte do mundo vive negando-a ou por ela aterrorizado. No entanto, tudo caminha nessa direcção, a maior das certezas.
O ser humano confrontado com a sua morte, recusa-a, revolta-se, faz acordos absurdos com Deus, deprime-se, aceita-a...
Teme a dor física crescente, o sofrimento psicológico, a indignidade, a separação do seu universo afectivo e material. Pede prazo para dar à vida um sentido que desconhece e que nunca cumpriu ou tentou cumprir.

JOSÉ MARIA ALVES
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NÃO QUEREMOS MORRER



Não queremos morrer. Queremos atingir Deus, o topo da carreira profissional, a paz, mais prazer, um estado de felicidade estável, ver os filhos criados, os nossos em segurança. Não queremos perder a individualidade, ver o ego ser sujeito à extinção.

JOSÉ MARIA ALVES
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MORTE E AMOR


Morte e amor estão interminavelmente ligados. Morrendo para o passado, nascemos para a vida eterna.
“O amor é forte como a morte”.
Para amar temos de morrer para as impressões e imagens que armazenámos na mente.

JOSÉ MARIA ALVES
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ACÇÃO GRATUITA


Há a acção que é cessação da inércia, com o consequente dispêndio de energia. Mas há uma acção, que não envolve tal dispêndio. É a que decorre da quietude da mente.
A acção praticada com amor, gratuitamente, sem outra determinação que não a sua realização, tem uma energia tal, que nos permite e quase impõe, a sua conversão numa lei universal. Talvez a única a erigir como solitário princípio de uma ética cósmica.

JOSÉ MARIA ALVES
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AMOR SEM CONTRAPARTIDA, SEXO COMO AMOR


O amor deve existir sem contrapartida.
Uma árvore, um animal, um rosto, um corpo. O acto sexual não é em regra amor. E, não o é, enquanto fruto do desejo, que é continuidade, pensamento. O sexo é sensibilidade, no sentido de sensualidade. É prazer.
Pode e não ser amor. Pensar nele é volúpia, sensualidade. Praticá-lo de forma espontânea, intensamente, com paixão, no esquecimento de si como individualidade e na plenitude do infinito e da eternidade dum cérebro silencioso, é amor.

JOSÉ MARIA ALVES
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DA QUIETUDE DA MENTE NASCE O AMOR


Da quietude da mente nasce o amor.
Por vezes, basta-nos olhar a face de uma criança, de uma mulher, o sofrimento de um moribundo, o pôr-do-sol, as águas azuis do oceano, a forma e o colorido das nuvens no céu, o animal que acariciamos.

JOSÉ MARIA ALVES
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DERRAMAR UM OLHAR LÍMPIDO SOBRE AS COISAS


Derramar um olhar límpido sobre as coisas, como quem afaga os caracóis de uma criança, ver o já visto como se nunca o tivesse visto, escutar a sinfonia da vida como um recém-nascido, é inocência, amor que desconhece o objecto e o próprio amar. É um sorriso amplo, inefável e contente, inconsciente da felicidade e do gesto que o manifesta.

JOSÉ MARIA ALVES
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O AMOR ESPONTÂNEO E GRATUITO


O amor, que é espontâneo, gratuito, indiscriminado, que não tem qualquer motivo, que não é desejo ou prazer fruto do pensamento, não pode coexistir com o sofrimento. Onde há sofrimento, não está a verdade, a beleza e o amor, que não é supremo ou terreno – mais uma das múltiplas divisões da mente –.

JOSÉ MARIA ALVES
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MEDITAÇÃO E AUSÊNCIA DE PENSAMENTOS


Quando meditamos, a ausência da sucessão de pensamentos libera uma imensa energia explosiva e criadora porque não está alicerçada no passado.

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ASCETISMO


A actividade ascética, como modo de renúncia e supressão dos nossos instintos e desejos, austeridade forçada pela vontade, é perniciosa, destruindo o espírito, a beleza e o amor.

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A DISCIPLINA DA MEDITAÇÃO


As disciplinas meditacionais são torturantes e como todo o esforço para vir a ser, só produzem mais dor, mais intranquilidade, insatisfação e insegurança.

JOSÉ MARIA ALVES
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MEDITAR NÃO IMPLICA CUMPRIR UM PROGRAMA ESPIRITUAL


Meditar não é cumprir um programa espiritual, não se compadece com retiros, não tem horas marcadas. Não é um procedimento racional que visa atingir uma verdade específica. É atenção global e constante de todas as ocasiões sejam elas quais forem.
Implica solidão, a libertação do conhecido, a extinção da dor, para que o novo, o desconhecido surja.

JOSÉ MARIA ALVES
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ATENÇÃO E LIBERDADE


Na atenção há liberdade. Não há juízos ou pré-determinações acerca de nós ou dos outros. Há quietude, pois o pensamento tende a parar espontaneamente.
Não há um método para se ficar atento.
É um intenso saber olhar, escutar, sentir, que se constrói imperceptivelmente, jornada após jornada.

JOSÉ MARIA ALVES
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OBSERVAÇÃO É PERCEPÇÃO PURA


A observação é pura percepção e exclui qualquer tipo de raciocínio, análise ou dedução lógica. Exclui a “visão” que se estrutura num sistema filosófico, numa crença, em experiências passadas, pressupõe liberdade e inocência, morte e renascimento, é acção imediata.
Quando interpretamos o que vemos, deixamos de ver o que é, para vermos o que os nossos condicionamentos e experiências passadas querem ou permitem ver. Em vez do novo, observamos o velho modificado.

JOSÉ MARIA ALVES
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SENTIDOS E OBSERVAÇÃO



Se os sentidos estão plenamente actuantes e o cérebro atingiu a quietude pela consciência de si próprio, a observação é clara e límpida; não deturpa ou distorce a realidade.
O pedaço de corda é real, mas a serpente que vemos ao crepúsculo no seu lugar é irreal.

JOSÉ MARIA ALVES
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A FELICIDADE SÓ EXISTE QUANDO NÃO PENSAMOS NELA


Não é por ter pensamentos felizes que somos felizes. A felicidade só existe quando não pensamos nisso.
Há uma verdadeira desventura no desejo de ser feliz.

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ALEGRIA E FELICIDADE


A alegria é uma emoção agradável, estado de satisfação mais ou menos duradouro. A felicidade tem uma permanência que a ultrapassa.

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A DOR DEVE SER "ESCUTADA"


Se o sofrimento psicológico deve ser escutado, também a dor física deve ser cuidadosamente percepcionada sem que o pensamento interfira. O envolvimento psicológico com a sua intensidade, localização e desconforto apenas a fará agravar.

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APEGO, SOFRIMENTO E AMOR


As nossas vidas estão vazias de paz e de amor e plenas de tormentos. Um sofrimento psicológico atroz que consome todas as nossas energias.
Onde há apego nasce o sofrimento. Onde há sofrimento não pode existir afeição e amor.

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TERMINAR COM OS PROBLEMAS


Observar o sofrimento, o medo, ou qualquer problema é fazê-lo cessar, e no seu findar está o Amor de amplo seio.

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NA AUSÊNCIA DO TEMPO É PERCEPTÍVEL A ETERNIDADE


Nem todo o fenómeno tem causa. A causalidade participa do tempo. Na ausência deste, aquela inexiste e é perceptível a eternidade.

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DESCOBRIR A CAUSA DO MEDO


Descobrir a causalidade do medo não nos livra dele. Sabemos que reagimos de uma determinada forma a um certo objecto ou situação, mas a revelação do incidente traumático não resolve o problema, pode minimizá-lo por intermédio da racionalização, mas não o extingue.
Só a sua observação sem recurso ao pensamento o pode fazer cessar.
Temos de o escutar em todas as suas peculiaridades sem o comparar ou interpretar, alheios ao fenómeno do tempo.

JOSÉ MARIA ALVES
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APRENDER ACERCA DO MEDO


A aprendizagem acerca do medo é obtida através da auto-observação, não de estudos psicológicos ou das experiências pessoais de alguns.

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NÃO TEMEMOS O DESCONHECIDO, MAS A PERDA DO CONHECIDO


Temos medo de perder o que temos e deixar de ser quem somos. Em bom rigor, não tememos o desconhecido, mas a perda do conhecido.

JOSÉ MARIA ALVES
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O DESAPARECIMENTO DO "EU" E DO "MEU"


O sofrimento estrutura-se no apego.
Se o “eu”, o “meu”, a “minha” desaparecem, surge a libertação.
Purificar o espírito de apegos e aversões conduz à paz, ao Absoluto, ao Amor.

JOSÉ MARIA ALVES
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NÃO BUSCO NADA E QUANDO BUSCO NÃO SEI O QUE BUSCO


Apesar de insatisfeito já não desejo nada ou quando desejo não sei o que desejo.
Não busco nada e quando busco não sei o que busco.

JOSÉ MARIA ALVES
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SÓ ESTAMOS BEM ONDE NÃO ESTAMOS, SÓ QUEREMOS O QUE NÃO TEMOS


Os anseios não permitem que a paz se instale no nosso interior.
Só estamos bem onde não estamos, só queremos o que não temos. Satisfeito um apetite, logo partimos para novas necessidades e assim sucessivamente, sempre com o coração alvoraçado.

JOSÉ MARIA ALVES
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A PERCEPÇÃO DO PENSAMENTO E DO SEU MOVIMENTO


Na percepção do pensamento e do seu movimento, deparamos com inúmeros estados emocionais negativos, tais como o ciúme, o ódio, a inveja, o egoísmo, a agressividade.

JOSÉ MARIA ALVES
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O AUTOCONHECIMENTO CONDUZ-NOS À PROFUNDIDADE DO SER


O autoconhecimento, ao conduzir-nos à profundidade do ser, destrói os deuses dos homens, as religiões, as filosofias, os partidarismos. Mostra a sua futilidade e origem, que se estriba no medo de estar só e da morte.
Leva à extinção dos condicionamentos. Esta, à liberdade, que por sua vez conduz à criação explosiva, a que só as crianças e os puros têm acesso.

JOSÉ MARIA ALVES
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ACUMULAÇÃO DE CONHECIMENTOS


Psicologicamente não só é desnecessária como também perniciosa a acumulação de conhecimentos. Esta deve restringir-se aos aspectos técnicos da existência.

JOSÉ MARIA ALVES
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COMPREENDER QUEM SOMOS


A procura da diferença é já um obstáculo ao seu surgimento, porque o refreamento origina um problema idêntico ou mais poderoso do que aquele que se pretende aniquilar. Querer ser diferente do que se é, é causa de dor.
Se compreendemos quem somos, levando esta investigação às últimas consequências, despontará a sabedoria e quem sabe o amor que é sensibilidade e paixão por tudo e por nada.

JOSÉ MARIA ALVES
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quinta-feira, 19 de março de 2009

AUSÊNCIA DE AMOR E SOFRIMENTO


Na ausência do amor há sofrimento.
Quando o pensamento termina, o sofrimento cessa e aparece o amor, aquele estado indescritível que nada pede ou exige.
Uma mente pacífica, isenta de pensamentos, é o substracto do amor, que tal como o Absoluto não pode ser procurado.

JOSÉ MARIA ALVES
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CONCEITOS ILUSÓRIOS DE AMOR


A nossa civilização criou conceitos irreais e ilusórios de amor, fruto da actividade mental. Nesta perspectiva ele é prazer, desejo, medo, ódio, ciúme, posse, ambição, apego, dominação, uma longa e pesada cadeia de argolas de aço que em vez de unir, dividem. É a angústia, o iminente sentimento de perda da aquisição passageira. É triste e contente, extasiante e depressivo, riso e lágrimas, memória do bom e do mau, do agradável e do desagradável. Na maior parte das vezes, dor psicológica.

JOSÉ MARIA ALVES
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AMOR, LIBERTAÇÃO E MORAL


Liberta os outros para que sejam quem querem ser, para serem quem são.
Liberta-te para seres quem és.
Ama e sê quem és. O amor dispensa os preceitos éticos.

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O QUE É O AMOR?


O amor é sensibilidade e paixão, que incide sobre pessoas e coisas, observadas como são, indiscriminadamente, de forma espontânea e gratuita.
Não é exclusão.
É uma benção derramada sobre a totalidade da vida, nascida do silêncio, sem os limites do espaço-tempo.
É ser feliz, mesmo sem o concurso dos outros.

JOSÉ MARIA ALVES
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O AMOR E A SUA INDEFINIÇÃO


São tantos os sentimentos para que a palavra amor remete, que acabamos por nos perder: paternal, filial, matrimonial, à pátria, próprio, do próximo, sexual...

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PERCEBER O MECANISMO DO PENSAMENTO


Chove lá fora. O vento com rajadas violentas fustiga as portadas, transportando as gotas de chuva a uma velocidade impressionante. O som do embate é um crepitar metálico.
A intensidade da tempestade varia. As previsões são más, os serviços meteorológicos e a protecção civil advertem para uma madrugada de tormenta.
Não ouço o vento e a chuva, nem vejo a beleza do temporal. O meu pensamento absorve-me. Receio que a água inunde o sótão, que qualquer objecto impulsionado pelos ares parta as vidraças, que as telhas possam ser arrancadas. Temo a calamidade, a destruição parcial da casa.
Cada rajada é uma aflição, cada bátega de água é angustiante.
Este medo que não é verdadeiramente real, que é pensamento, não me permite observar a tempestade tal qual é.
Ao perceber o mecanismo do pensamento, o cérebro silenciou e o vento e a chuva deixaram gradualmente de ser temor e ansiedade para serem chuva e vento em toda a sua plenitude e beleza.

JOSÉ MARIA ALVES
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NATUREZA E OBRAS DE ARTE


Se mantivermos uma ligação íntima com a natureza, percebemos que o poente real ou o brilho da Lua dispensam qualquer obra de arte produto do pensamento por mais valiosa e bem executada que seja.

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A AUSÊNCIA DO "EU"


Há momentos da nossa existência, em que a contemplação de um pico nevado, de uma torrente de águas cristalinas, de um rosto de criança produz a ausência do “eu”.
Nesse estado de quietude onde se transcende o conhecido para absorver o sempre novo, há sensibilidade, beleza.
Para que esta se manifeste não podemos existir como individualidade.
O “eu” é um agente infeccioso, uma doença que se transmite ao que observamos contaminando a sua essência.
Quando olhamos uma árvore, uma flor, sem a presença do “eu”, libertamo-nos das teias do espaço-tempo e penetramos na eternidade.

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PAIXÃO E AMOR

Paixão e amor caminham de mãos dadas, ausentes do pensamento.

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PAIXÃO


A paixão pressupõe uma mente quieta, atenta e sensível, vigorosamente sensível a tudo o que a rodeia.
É sensibilidade e intensa afeição que não se apega nem tem qualquer motivação particular.

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MEDITAÇÃO E RAZÃO


É pela meditação, pela observação pura e simples, que podemos descobrir o que está para além do pensamento, do espaço-tempo. É o único modo.
A razão só tem tornado complexo o que é simples ao amontoar século a século teorias e doutrinas contraditórias e paradoxais.

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AS FORÇAS DO UNIVERSO CONCENTRAM-SE NO SILÊNCIO


As forças do universo concentram-se no silêncio quando o pensamento cessa. Uma existência sem causalidade ou propósito, identificando-se com a do próprio cosmos.

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MEDITAR


Meditar é ver, ouvir, sentir, cheirar, saborear as coisas como elas são. Meditar é atenção global, não é concentração, fruto de exercícios mentais obnubiladores.
Ouço o canto dos pássaros, o vento na vegetação, a água corrente, os que me falam, vejo as nuvens no céu, o despontar do Sol, o brilho das pedras humedecidas pelo orvalho da manhã, os rostos dos camponeses. Observo os meus pensamentos e toda a minha consciência descendo até aos mais recônditos e obscuros lugares. Saboreio os frutos e demais alimentos, inalo os mais variados aromas.
Sentir o vento, a chuva e o sol no rosto e nas espáduas no seio da natureza sem o alvoroço do raciocínio é meditação.
Tudo de uma vez só, de forma total, como a própria vida.
Com esta atenção vigilante, que é sensibilidade à existência, o pensamento silencia-se.

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MEDITAÇÃO PRESSUPÕE ISENÇÃO DE CONDICIONAMENTOS


Para além de pressupor autoconhecimento, pressupõe também isenção de condicionamentos. A observação do pensamento, de todos os seus subtis movimentos e de tudo o que nos rodeia, sem comparação ou julgamento.
Não implica controlo, mas atenção, que não desvirtua a realidade do que é observado.

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A MEDITAÇÃO COMEÇA COM O AUTOCONHECIMENTO


A meditação começa com o autoconhecimento. Temos de observar todos os nossos pensamentos, emoções, sentimentos. Esta vigilância levará ao silêncio. Neste, o inconsciente projecta sugestões, carências, o que conduz ao conhecimento do indivíduo na sua integralidade.

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QUANTO MAIOR A ATENÇÃO, MAIOR A QUIETUDE


Vou no combóio. Estou atento às sensações corporais, à conversa dos passageiros ao meu lado e ao rumor da fala dos mais afastados, ao ruído das rodas que deslizam nos carris, ao deslocamento do vento. Vejo as hortas, as árvores, os túneis, as casas, as pessoas e seu afã, a névoa que abraça os vales, os animais que pastam. Estou sensível aos balanços e impressões que corporalmente me causam, à alteração dos sons, ao apito, aos múltiplos verdes e ocres, às nuvens escuras no céu, às gotas de chuva na janela. Observo as expressões dos outros viajantes e os meus pensamentos quando surgem.
Que quietude advém de tudo isto.
E quanto maior a atenção, maior a quietude.

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CONCENTRAÇÃO, CONFLITO PSICOLÓGICO E ATENÇÃO

Concentração é esforço dirigido. É a tentativa de aquietar a mente com as suas inúmeras tagarelices, pela repressão e pela violência.
É conflito, na medida em que tentamos iludir a distracção que retorna sempre, de forma mais ou menos insistente.
Estar atento, ao contrário, não é esforçar-se nem usar desnecessariamente a memória, esgotando o cérebro, extirpando-lhe a vitalidade e energia tão necessárias à existência quotidiana. É poisar a mente, os sentidos sobre nós e tudo o que nos circunda, é vigilância passiva integral.

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NA ATENÇÃO O PENSAMENTO CESSA


Quando há atenção, não há eu, nem o outro, não há observador e objecto observado, porque o pensamento se dissipa.
Se realmente atentos, o pensamento cessa.
Observamos um milhafre na sua caçada implacável, o voo gracioso de uma ave, o olhar terno de uma criança, a passagem de um combóio na gare, um deslumbrante pôr-do-sol e ficamos apenas com o facto. Compreendemos o que se está a passar imediatamente. Não há pensamento, mas compreendemos. O cérebro está tranquilo, sem tagarelar, pleno de energia, e entende sem pensar.
O mesmo se passa com qualquer problema. O entendimento é libertador.

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ATENÇÃO NÃO É CONCENTRAÇÃO


Estar atento é estar com o que é, compreendendo a realidade sempre nova, sem recurso ao pensamento.
Atenção, no sentido que lhe damos, não é concentração que incide sobre um objecto, pessoa ou coisa. Não é percepção tendente ao conhecimento do particular.

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É O PENSAMENTO QUE CRIA O "EU"


É o pensamento que cria o “eu”. Sem pensamento não há pensador, observador, só a coisa observada na sua pureza incontaminada.
Na observação pura e simples do que é, não há lugar para a ambição, para o vir a ser.

JOSÉ MARIA ALVES
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OBSERVAR O PENSAMENTO E O SEU MOVIMENTO


Quando observamos o pensamento e o seu movimento, numa vigilância passiva, sem condenar, justificar, interpretar, sem fugir dele recalcando-o ou sublimando-o, este tende a parar.
E, nesse estado de escuta passiva, se observamos o que nos rodeia, sem a sua contaminação, transcendemos o espaço-tempo, porque só existe o instante, o agora.

JOSÉ MARIA ALVES
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SOMOS CIDADÃOS DE SEGUNDA


A aprendizagem psicológica não passa pelo estudo de livros, pela troca de conhecimentos, mas pela observação dos nossos pensamentos e acções.
Não é isso que fazemos. Somos cidadãos de segunda sempre dispostos a redizer, a citar as autoridades na matéria, incapazes de aprender a partir do nosso espírito.
Não nos esforçamos seriamente viajando no mais recôndito do nosso ser. Aproveitamos as viagens dos outros, que na maior parte das vezes se limitaram a viajar em viagens alheias e assim sucessivamente.

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AS PALAVRAS NÃO SÃO AS COISAS


Quando damos nome a uma coisa, não a definimos, muito menos descortinamos a sua essência, que é o que faz que um ser ou objecto sejam uma coisa e não outra diversa ou semelhante.
As palavras não são as coisas. Porventura, não terão um significado, mas vários usos.
A palavra rotula o que vemos e faz com que os acontecimentos e circunstâncias da vida quotidiana não sejam originais e extraordinários. Ver não é formar juízos ou opiniões, analisar, imaginar ou interpretar; ver é observar sem que se recorra ao pensamento destruidor, é galgar as barreiras do espaço-tempo de um modo espontâneo e instantâneo, que nunca se reitera para que o novel possa florir e frutificar em cada momento.

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MORRER PARA AS IMAGENS E PENSAMENTOS DA MEMÓRIA


A lagoa que agora observo tem o seu ser próprio independente de todas as outras que conheço. Para a contemplar plenamente tenho de morrer para as imagens que dela retive noutros momentos e para as de outras lagoas que porventura já tenha visto, porque é nova, sempre nova, a cada instante.
Se pretendermos reter em memória o prazer do que vemos, escutamos, sentimos, acabamos por multiplicar os desejos. A vontade de repetir um prazer gera ansiedade, sofrimento.

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OS JUÍZOS DE VALOR


Quando vemos alguém ou alguma coisa, memorizamos essa imagem, normalmente carregada de juízos de valor ou desvalor.
O pinheiro do meu jardim é alto, imponente, com um tronco grosso e bem torneado. A casa, a mulher, os filhos, os conhecidos, tudo o que tocamos, de todos formamos imagens. Passo pelo pinheiro, olho a minha casa, a minha mulher, já não os vejo como são nesse preciso momento, mas antes a imagem que deles tenho ainda que ligeiramente alterada por qualquer circunstância chamativa.
Olhar as coisas, recorrendo mentalmente a comparações, inviabiliza a contemplação.

JOSÉ MARIA ALVES
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CONTEMPLAÇÃO E OBSERVAÇÃO


Observação não é contemplação, entendida como capacidade de provocar o esquecimento da individualidade e do mundo, por efeito da absorção continuada e diligente do espírito no seu objecto.

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SENSAÇÃO, PERCEPÇÃO E CONHECIMENTO


Precisamos de um cérebro lúcido, vivo. Para isso concorre a observação com o concomitante desenvolvimento dos sentidos, a percepção não interpretativa do desespero, da angústia, do desejo, em suma do sofrimento.
A percepção situa-se entre a sensação e o conhecimento. Saio à rua no Inverno com temperatura negativa e ventos fortes. Tenho a imediata sensação do frio. A esta sucede-se a percepção do facto de que tenho frio. Depois vem o conhecimento de que estou na Estação mais fria do ano, que os cumes da serra estão gelados, e como tal, o ar frio desce à terra chã, onde os ventos vindos de Espanha fazem o frio parecer mais frio.

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TERMINAR COM OS HÁBITOS


É essencial terminar com todos os hábitos que afectam o corpo e entorpecem os sentidos. Não devemos permitir que o pensamento exerça sobre estes uma acção obnubiladora.

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OS SENTIDOS PRECEDEM O INTELECTO


Os sentidos precedem o intelecto. “Nada está no intelecto que não tenha estado primeiro nos sentidos, a não ser o próprio intelecto”.

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PENSAMENTO E SENTIDOS


Será que o pensamento é mais excelente do que os sentidos? Será que os seus objectos são mais reais do que os da percepção?
Precisamos desenvolver os nossos sentidos. A audição e o tacto como se fossemos cegos, a visão como surdos, o olfacto, o paladar.
Têm de ser desenvolvidos no seu conjunto, como um todo, para poderem penetrar em profundidade o mundo interior e exterior.
Não há método ou regras para tal. O desenvolvimento é fruto duma contínua e cuidada observação e prática.

JOSÉ MARIA ALVES
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O CÉREBRO CONTAMINADO


O nosso cérebro está contaminado pela educação, religiões, autoridades políticas, administrativas e judiciárias, pelos conhecimentos que vamos acumulando na mira da perfeição. No entanto, não é ela visível no horizonte. Há apenas um mar de limitações na direcção da miragem do infinito. Como somos tolos e incapazes não obstante pisemos altivamente a rosa-dos-ventos na margem do rio, invocando descobrimentos, explorações, vitórias bélicas. A história da humanidade é um desfilar de agressões, crueldades, mais guerras do que anos, hipocrisias, cinismo, falsa modéstia, autocaridade, corrupção, aproveitamento próprio, salpicada de breves e esporádicos momentos de verdadeira compaixão, em que alguns homens, raros como parece convir a este planeta de predadores, purificados da avidez, da inveja e da ambição, souberam na plenitude do auto-esquecimento espontâneo, derramar indiscriminada e gratuitamente o seu olhar nos outros.
Pelo cérebro reflectimos, reconhecemos o prazer e o sofrimento, a morte e a vida, vemos o mundo como um outro relativamente a nós, o que implica o reconhecimento de cada um como “eu”. Pelo cérebro, extorquimos, matamos, violamos, mentimos, enganamos. Pelo cérebro, damos esmolas, acarinhamos os necessitados. Pelo cérebro construímos hospitais, abrigos, tanques, bombas e escolas. Pelo cérebro estamos. Pelo cérebro somos; nós, apenas nós, inseguros, indefesos fóbicos de neuroses ancestrais. Por isso, somos isso, que nem isso é, por não sabermos quem somos. Só quando não somos, somos todas as coisas. Quando não somos, o embrião da vigilância estremece, desperta, fica alerta.
Esta vigilância passa pelo renascer dos sentidos para uma existência intensa, visão purificada das coisas, escutar límpido dos sons e do silêncio, na ausência possível do intelecto. Mesmo que a filosofia seja um acto de pesquisa desinteressada, liberto da tradição, de qualquer crença, de qualquer ideia e costume, não deixa de conter em si as limitações do seu único guia que é a razão e da própria matéria; o pensamento é matéria e nós transformamo-lo no que queremos, coisa horrenda ou bela, justa ou imoral, feliz ou sofrível, verdade ou não. O homem pode procurar a verdade para além das aparências, do estabelecido, mas quanto mais energia consome nessa busca, mais longe fica do objectivo. É como uma embarcação a navegar num planeta onde não haja em nenhum dos seus pontos terra ou algo que não seja oceano; nunca encontra destino, ainda que defina meticulosamente um rumo ou percorra todos os possíveis. Muitos são os candidatos a capitanear esta nau pelas águas da desesperança, por tormentos nunca sonhados, mas a ilusão aniquila a realidade e o desejo a verdade, que é só uma: não há caminho... não há caminho...

JOSÉ MARIA ALVES
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A TERRA DA ALEGRIA INTERMINÁVEL


“No dia em que se sentir feliz sem nenhuma razão aparente, no dia em que sentir prazer em tudo e em nada saberá que encontrou a terra da alegria interminável, chamada Reino” (Anthony de Mello).

NECESSITAMOS DE OUTREM PARA SERMOS FELIZES?


Vivemos na ilusão de que necessitamos dos outros e da sua aprovação para sermos felizes. A felicidade não advém de qualquer relação, mas do nosso interior.
Está em nós. Procurá-la no meio envolvente é o mesmo que pescar num lago seco. As mudanças de situação e a satisfação dos desejos são panaceias temporárias.
Está no que sou, não no que tenho ou no que quero vir a ser. Somos quem somos, e se virmos quem somos a espiritualidade manifesta-se e inicia-se uma modificação radical e sem esforço do que é.
É bom viver sem mais. Não querer nada, não querer ser nada.
A ataraxia, tranquilidade do espírito, não deriva do conhecimento ou do esforço para atingir a sabedoria. Deriva da ausência de pensamento.

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PAZ E DESASSOSSEGO EMOCIONAL


Só conhecemos um tipo de paz: a que surge esporadicamente após desassossego emocional. E mesmo esta é relativa. Depois da tempestade o sentido da bonança é exaltado, na extinção total ou parcial da dor há um prazer sobrevalorizado.

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O MEDO DO PRÓPRIO MEDO


A nossa existência é enformada por múltiplos medos. Medo das doenças, da dor, da pobreza, de perder os entes queridos, de não ter prestígio, de não encontrar um sentido para a vida, medo de estar só, medo das multidões, de exames, de entrevistas, de não agradar, da guerra, de ter um acidente, de morrer e o medo do próprio medo.

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MEMÓRIA, PASSADO E ATENÇÃO


Pela memória recuamos ao passado.
O eterno agora não é experimentado como o que passa, mas como algo que é desde sempre e o será no porvir.
Onde há silêncio não há passado, presente ou futuro, não há tempo. Na atenção não há tempo, mas um estado de acção altamente sensível na sua intemporalidade.

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AMOR E DESEJO


Desejo e amor caminham de costas voltadas um para o outro.
Não ter ambições nem desejos é um modo de solidão e solidariedade.
Se morremos para o passado sem pretender a repetição de experiências agradáveis haverá júbilo nos nossos corações.

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PROGRESSO, DESEJO E SOFRIMENTO


Quanto maior o progresso, maior o número de desejos. Quanto maior o número de desejos, maior o sofrimento, enquanto não se satisfazem e depois de satisfeitos.

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AUTOCONHECIMENTO E QUIETUDE DA MENTE


O autoconhecimento leva à quietude da mente, uma quietude sem motivo. Quanto mais quieta, mais se manifestam as camadas profundas da consciência, levando à compreensão total do nosso ser.
No autoconhecimento produtivo, em que a mente silencia as correntes do pensamento, a rememoração é espontânea, por ser a sua própria causa e estar isenta de condições, não havendo assim que provocar a anamnese.

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FUGA À REALIDADE


A ânsia de preenchimento é fonte de dor. A necessidade de ser preciso e perfeito é doentia. Apenas o hábito é passível de aperfeiçoamento.
Ser o que não se é, é hipocrisia, fuga à realidade.

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INTROSPECÇÃO E OBSERVADOR E OBSERVADO


Há o conhecimento que incide sobre objectos do exterior e o que se debruça sobre os pensamentos, sentimentos e fenómenos vegetativos internos. Quando escuto o pensamento não necessito de ficcionar qualquer separação entre o ego e uma qualquer outra entidade, tal como o “Eu superior” a agir a título de observador. Observador e observado são uma única pessoa.
A introspecção, que é análise realizada pelo próprio indivíduo relativamente ao conteúdo da sua consciência, é perniciosa por separar o observador do observado. A análise decompõe o todo no que consideramos os seus elementos e destrói o indecomponível.

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SOMOS APENAS QUEM SOMOS


Somos quem somos e nessa descoberta fundamental que envolve o desvendar da estrutura da consciência e a percepção da efemeridade das nossas realizações, da frustração resultante da não satisfação dos desejos, dos caminhos do prazer e do sofrimento, estaremos a modificar-nos, sem saber que o fazemos ou sem querermos que tal aconteça.

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OBSESSÕES E NINHARIAS


Estamos habituados a divagar mantendo a mente ocupada com ninharias, obsessões, fantasias, projectos e recriminações, sem que tenhamos viva consciência disso. Essa turbulência mental envenena a nossa existência, mas nada fazemos para a fazer cessar, bem pelo contrário, alimentamo-la abundantemente como fazemos com o fogo no Inverno rigoroso.

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É COM UM ESPINHO QUE DA CARNE SE RETIRA OUTRO ESPINHO


O estado de vigilância permanente não é fácil. É algo que se vai construindo até que se torne numa actividade mecânica como o respirar. No princípio pode parecer uma tarefa espinhosa. Mas é com um espinho, que da carne se retira outro espinho, e quando este for extraído, rejeitam-se os dois.

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FICAR TRANQUILO QUER DIZER NÃO PENSAR


Faz falta conhecer e não pensar. Ficar tranquilo quer dizer não pensar.

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quarta-feira, 18 de março de 2009

TERMINAR COM O SOFRIMENTO PSICOLÓGICO


Ouvir o sofrimento é levá-lo às últimas consequências, deixar que se manifeste na sua totalidade, não cerceando o seu movimento mental próprio, as questões e conclusões a que conduz.
Se lhe estivermos atentos, ou seja, se o olharmos integralmente em toda a sua complexidade sem que o pensamento se imiscua nessa atitude, percebemos que esse sofrimento é criado e sentido por nós, que não é diferente de nós, e sem que o queiramos reprimir, dominar ou controlar, ele cessa, surgindo a paz, o amor, a sabedoria.
É fundamental ouvi-lo, compreendendo a efemeridade da sua existência, que depende apenas do pensamento, suas manhas e artifícios.

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A PAZ SÓ FLORESCE ONDE INEXISTEM CONDICIONAMENTOS


A paz não pode florir enquanto vicejarem os nossos condicionamentos. Somos o resultado de séculos de restrições e conceptualização ético-religiosa, da educação que recebemos, de normas sócio-jurídicas, das nossas experiências. Enquanto os condicionamentos não forem destruídos a felicidade não se pode manifestar, já que a existência daqueles é causa determinante do sofrimento psicológico.

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A AMBIÇÃO SÓ GERA SOFRIMENTO


A ambição, a ânsia de prestígio, geram o sofrimento. Não nos deixam ser. Agitam-nos, inquietam-nos e impulsionam-nos para a contradição do vir a ser. Só aquele que é, vive. O que quer ser algo fica enredado nas malhas da dor.

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ETERNO E ETERNIDADE


Eterno é o que dura desde sempre e perdurará até ao infinito, que é o que não tem limites.
É uma existência sem começo nem fim, infinitude do tempo linear ou curvo e cíclico. Se se quiser, a intemporalidade absoluta reconhecida no instante que não é passado, presente ou futuro.

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APEGO É CORRUPÇÃO


Apego é corrupção no sentido mais profundo do termo. Ao percebermos a sua essência e significado, e o obstáculo que constitui para o nosso crescimento, abandoná-lo-emos numa indiferença afectiva.
Não os aceitemos nem os neguemos. Limitemo-nos a ser carinhosamente indiferentes. Esta indiferença não nos afastará do caminho que traçamos instante por instante. Somos livres para prosseguir como as aves que cruzam os céus, como o capitão dum navio sem rumo e destino no alto mar.

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O APEGO É DESEJO CONSOLIDADO


O apego é desejo firmado ou consolidado.
Uma determinada experiência com as suas respostas sensoriais leva ao desejo. Este ao prazer que se consolida em apego por via das sensações de segurança e de realização.
Mais tarde ou mais cedo surge a insatisfação, o tédio, com novas experiências, novos desejos e assim sucessivamente.
A um período de realização segue-se em regra, o ciúme, o sentimento de posse, a obsessão, o sofrimento, o desinteresse, o ódio.

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O APEGO


O apego é a convicção de que sem certos bens ou pessoas seremos irremediavelmente infelizes. Resulta sempre em infelicidade, imediata ou diferida, logo após o prazer que proporciona.
Deriva de falsas premissas:
-A convicção de que a nossa felicidade depende de outrem;
-De que não podemos usufruir o seu objecto sem que estejamos intimamente dependentes;
-De que é insubstituível.

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DESEJO - ESCUTA E COMPREENSÃO


Há que escutar e compreender o desejo seja ele qual for, vê-lo nascer, crescer, sem o procurar dominar ou reprimir.
Observá-lo como quem observa um pôr-do-sol, uma flor, sem recurso a comparações, ao conteúdo da memória, ao pensamento.
Aí, ficamos de novo com a resposta sensorial de que falámos, com uma sensação intensa e apaixonada, onde não há ansiedade, ciúme, sentimento de perda ou dependência.

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O FLORESCIMENTO DO DESEJO


Olho para uma mulher. Contemplo um rosto, lábios carnudos, olhos rasgados de longas pestanas, um sorriso aberto de dentes alvos contrastando com o negro dos cabelos, seios firmes, linhas onduladas e insinuantes de corpo em gracioso movimento.
Esta a resposta sensorial ao objecto da visão, o que é perfeitamente natural.
Depois entra em acção o pensamento. Imagino-me com ela, beijando-a, acariciando-a, consumando o acto.
É assim que floresce o desejo, impulso premente, em regra prazer originário da actividade mental.
Dizem que temos de nos libertar dele, controlando-o ou destruindo-o. Mas quanto maior o esforço nessa direcção mais o consolidamos. Vejam as inglórias práticas de sacerdotes e monges, que acabam por aniquilar a beleza, o amor, reforçando os pensamentos “obscenos” e favorecendo práticas “aberrantes”.

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ANIQUILAR OS DESEJOS


Não se pode terminar com os desejos sem mais, reprimindo-os. Só a escuta passiva os pode fazer cessar. Alguns – os afectivos – são mais prementes e quando têm uma componente orgânica, são extremamente insistentes.

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O DESEJO


O desejo é um movimento emocional que se apodera da mente de um sujeito por atracção de um determinado objecto. É mais do que necessidade, já que admite de modo constante mecanismos substitutivos e tem a avidez de não se deixar saciar.
É em essência infinito e mesmo os que apregoam a sua destruição, desejam: o Reino dos Céus, o Nirvana.

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MEDO, ÓDIO, CIÚME E INVEJA


Medo, ódio e ciúme, parecem ter uma maior resistência à destruição do que a inveja. Esta desvanece-se de imediato logo que percepcionada na sua totalidade.

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CIÚME, SEU NASCIMENTO E FLORESCIMENTO


O ciúme nasce quando alguém se interpõe entre nós e o objecto do nosso apego. Pode existir numa relação desfeita onde permanece o sentido de posse ou numa onde pensamos que o amor existe.

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O QUE EM NÓS ABUNDA.


Abundam em nós a cólera, a maledicência, a ansiedade, a angústia, a contradição, a necessidade de poder, de prestígio, o exibicionismo.

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SABEDORIA E AUTO-OBSERVAÇÃO


A sabedoria não está no conhecimento acumulado em suportes físicos, nas vivências de outrem, mas no nosso interior e manifesta-se pela auto-observação continuada, que tem de atingir a consciência em todos os seus recantos, permitindo a livre expansão do material inconsciente, possível pela quietude que ocorre quando o pensamento cessa – pela sua própria observação –.

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O QUERER "SER" É ILUSÃO - SÓ O SER É VÁLIDO


Só o ser é válido. O querer ser é ilusão. Precisamos apenas de escutar o que somos sem querer agir modificativamente, adequando-nos a uma qualquer imagem ideal do vir a ser.
Observando o que somos, não há querer ser e em consequência, não há contenda interior.
A constante vigilância dos nossos pensamentos, estados de ânimo, emoções, sentimentos, é uma forma de apaziguar a mente.

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AUTOCONHECIMENTO E OBSERVAÇÃO


Observação na perspectiva do autoconhecimento implica vigilância constante de toda actividade mental e fisiológica perceptível. É uma escuta permanente dos estados afectivos e emocionais, dos gestos e atitudes, dos pensamentos e sensações que por si só, independentemente de esforço e resistência produzirão inevitavelmente transformações substanciais.

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O AUTOCONHECIMENTO - CAMINHO PARA UM HOMEM SÓ



Autoconhecimento é caminho para um homem só, com as experiências em si vivenciadas. De nada nos servem as teorizações e interpretações alheias acerca do medo, do amor, do padecimento psicológico. É observação, e esta exclui juízos valorativos ou explicativos.

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A ETERNA ELOQUÊNCIA


Na origem não temos pensamentos. O estado que os separa é quietude, silêncio. O silêncio é um estado que transcende a palavra e o pensamento, é a eterna eloquência.

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A MENTE SILENCIOSA


Quando a mente está despojada porque o pensador já não pensa, há tranquilidade, há paz. Quando está silenciosa, pode então penetrar num mundo que em muito a excede.

JOSÉ MARIA ALVES
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CESSAÇÃO DO PENSAMENTO E ETERNIDADE


Quando o pensamento termina, há morte e a visão daí resultante é renascimento, inocência, eternidade.

JOSÉ MARIA ALVES
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A CRIAÇÃO DO PARAÍSO E DO INFERNO

O paraíso e o inferno são criações de mentes aturdidas. Somos nós que os transportamos connosco, sendo respectivamente a ausência e a existência de pensamentos.

JOSÉ MARIA ALVES
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QUANDO O PENSAMENTO CESSA


Quando o pensamento cessa, o “eu” desaparece, deixamos de existir e nesse estado magnífico sem sofrimento passa a existir a Verdade, a Beleza, o Amor. Só há perturbação onde existe o ego, que é sucessão de pensamentos. Estes incomodam tanto como o brinquedo que a criança sabe que vai receber no dia seguinte e a impede de adormecer.

JOSÉ MARIA ALVES
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OBSERVAR O PENSAMENTO E O QUE NOS CERCA



É difícil “observar” o pensamento e o que nos rodeia. Estamos mais interessados em manter os conflitos. É um hábito difícil de destruir. Os hábitos só cessam quando morremos para eles instantaneamente. E esta morte, é a morte do pensamento que só se atinge com a observação incessante da mente.

JOSÉ MARIA ALVES
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AS LIMITAÇÕES DO PENSAMENTO


O espanto do filósofo perante o mundo é destruído pela cogitação.
O universo tem os seus limites no espaço-tempo, é divisível em partes, ou até ao infinito?
Há uma liberdade moral ou o conhecimento das causas implica obrigatoriamente o do seu efeito?
Há um “ser” necessário ou apenas entidades contigentes sujeitas a um porvir imprevisível?
O pensamento não pode atingir uma verdade geral. Em primeiro lugar porque é limitado. Depois, porque qualquer atitude que assuma um juízo como verdadeiro é absurda face à inexistência de um critério único de certeza.

JOSÉ MARIA ALVES
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CÉREBRO E ESPAÇO-TEMPO



A actividade mental é limitada. O nosso cérebro não se desenvolveu de forma a transcender o espaço e o tempo.
Estruturando-se na memória nunca é totalmente novel e em consequência não é integralmente autónomo.

JOSÉ MARIA ALVES
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INDIFERENÇA AFECTIVA


A indiferença afectiva não pode ser resultado do desapego metódico. É imediata, nasce quando o cérebro suspende a produção de pensamentos.

JOSÉ MARIA ALVES
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SEM SENTIDO DA VIDA TUDO VALE A PENA


Saber olhar e escutar é a maior das riquezas. Sem sentido da vida tudo vale a pena.

JOSÉ MARIA ALVES
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HOMENS DE "QUATRO PATAS"


Os homens convencem-se até ao momento da morte que o sentido da vida é o “ter”. São como crianças criadas no meio de lobos. Nunca descobrem que podem andar de pé e resignam-se a caminhar em quatro patas.

JOSÉ MARIA ALVES
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PÂNICO E INSTABILIDADE


Um único e acidental momento de pânico mostra-nos imediatamente a precariedade e instabilidade da existência.

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A IMORTALIDADE DA ALMA


Se o homem estivesse certo da imortalidade da “alma dos justos” ou da sua sobrevivência temporária à morte, proporcionalmente ao mérito das acções e intenções, o mundo seria totalmente diferente. O egoísmo, materialismo, guerra, fome e violência, seriam excepções e não regras.
A sua essência é até certo ponto o interesse próprio.

JOSÉ MARIA ALVES
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DEUS E A FALSA SEGURANÇA


Queremos estar seguros por intermédio de crença incontestada num deus pessoal ou impessoal. Esse deus é pensamento e medo, fuga e ilusão, e a insegurança não é destruída e a sensação de impermanência não é mitigada.

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VIDA E MORTE COMPLEMENTAM-SE


Precisamos entender o facto de que a segurança não existe e viver com isso, não de forma patológica, mas entusiasmada e livre, sem temer a vida e a morte que se complementam, ou melhor, que são uma única e mesma coisa.

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É SÁBIO QUEM SENTE A EFEMERIDADE


Vivemos em perpétua insegurança porque não somos como os pássaros do céu ou as flores do campo. A insegurança é pensamento e só existe enquanto este existir e na sua dependência.
É sábio quem sente a efemeridade.

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TERMINAR COM TUDO O QUE NÃO É AMOR


É legítimo terminar com o penar psicológico e com tudo o que não é amor: o ciúme, o sentimento de posse, a ambição, a inveja, o ódio.

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NADA HÁ A ATINGIR


Não há nada a atingir. O prestígio, a ambição e os seus frutos são passageiros.

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NÃO SABEMOS NEM QUEREMOS SABER QUEM SOMOS


Não sabemos quem somos nem quem os outros são. Não queremos saber. É fácil mentir, enganar ou ignorar. É penosa a ampla exposição, a verdade.

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A NECESSIDADE DE PREENCHIMENTO


A necessidade de preenchimento, de ser alguém para além do que se é, é uma criação do "ego" e é fonte de conflito com o padecimento resultante.

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A NEGAÇÃO DO ETERNO AGORA


Enquanto pelejamos entre nós e connosco há um espectáculo maravilhoso que passa despercebido. São as montanhas de contornos sublimes, as águas cintilantes dos rios, os prados verdejantes, os rostos, o céu azul, que desperdiçamos porque não há tempo para o eterno agora, apenas para um passado falecido e um futuro inexistente.

JOSÉ MARIA ALVES
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O NASCIMENTO DO CONFLITO PSICOLÓGICO


Quando agimos na mira dum resultado, dum prémio, da aprovação, do lucro, do prestígio, estamos a estimular o conflito. A própria fantasia também o gera.
Sempre que somos algo e desejamos ser outrem ou queremos esforçadamente modificar uma parte do nosso ser, ele nasce.

JOSÉ MARIA ALVES
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TERRENO PSICOLÓGICO


De homem para homem as diferenças são meramente pontuais ao nível qualitativo ou quantitativo e as reacções divergem em conformidade com um terreno próprio cujo substracto é invariavelmente quase comum.

JOSÉ MARIA ALVES
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VIVER EM PAZ


As agressões do meio familiar e social desencadeiam excitações emocionais que têm de ser imediatamente descarregadas sob pena de provocarem perturbações duradouras. Não podemos viver em paz, se os nossos corações estão infectados por insultos e ofensas.

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segunda-feira, 16 de março de 2009

LIBERDADE E RÓTULOS


A liberdade não se coaduna com rótulos. Requer a destruição dos condicionamentos, do ciúme, da cupidez, do vir a ser e ter. Um cérebro vazio é um cérebro livre, sem disciplinas e regras deformatórias.

JOSÉ MARIA ALVES
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